sexta-feira, 24 de março de 2017

João Paton - Missionário aos antropófagos

João Paton
Missionário aos antropófagos
(1824-1907)



Perto de Dalswinton, na Escócia, morava um casal conhecido em toda a região como os velhos Adão e Eva. A esse lar veio em visita uma sobrinha, Janete Rogerson. É de supor-se que não houvesse muita coisa na casa isolada dos velhos para distrair a jovem, sempre viva e alegre. Mas uma coisa atraiu-lhe o interesse: um rapaz chamado Tiago Paton, que entrava, dia após dia, no matagal perto da casa. Levava sempre um livro na mão, como se fosse ali para estudar e meditar. Certo dia, a moça, vencida pela curiosidade, entrou furtivamente por entre as árvores e espiou o rapaz recitando os Sonetos Evangélicos de Erskine. A sua curiosidade tornou-se em santa admiração quando o jovem, deixando o chapéu no chão, ajoelhou-se debaixo duma árvore para derramar a alma em oração perante Deus. Ela, espírito de brincalhona, avançou e pendurou o chapéu em um galho que estava próximo. Em seguida escondeu-se onde podia, sem ser vista, para presenciar o rapaz perplexo, a procurar o chapéu. No dia seguinte a cena se repetiu. Mas o coração da moça comoveu-se ao ver a perturbação do rapaz, imóvel por alguns minutos com o chapéu na mão. Foi assim que ele, ao voltar no dia seguinte ao lugar onde se ajoelhava diariamente, achou um cartão preso na árvore. No cartão leu: "A pessoa que escondeu seu chapéu confessa-se sinceramente arrependida de tê-lo feito e pede que ore, rogando a Deus que a torne crente tão sincera como o senhor".

O jovem fitou por algum tempo o cartão esquecendo-se completamente naquele dia dos sonetos. Por fim, tirou o cartão da árvore. Estava reprovando a si mesmo e à sua estupidez por não saber que fora um ser humano quem escondera o chapéu duas vezes, quando, por entre as árvores, uma moça, balde na mão e cantando um hino escocês, passou na frente da casa do velho Adão.

Naquele momento, o moço, por instinto divino e tão infalivelmente, como por qualquer voz que jamais falara a um profeta de Deus, sabia que a visita angélica que invadira seu retiro de oração fora a gentil e hábil sobrinha dos velhos Adão e Eva. Tiago Paton ainda não conhecia Janete Rogerson, mas ouvira falar nas suas extraordinárias qualificações intelectuais e espirituais.

E provável que Tiago Paton começasse a orar por ela - em um sentido diferente daquele que ela pedira. De qualquer forma, a moça furtara não somente o chapéu do rapaz, mas também, o seu leal coração - um furto que resultou, por fim, no casamento dos dois.

Tiago Paton, fabricante de meias no condado de Dunfries, e sua esposa Janete, andavam, como Zacarias e Isabel na Antiguidade, irrepreensíveis perante o Senhor. Ao nascer-lhes o primogênito, deram-lhe o nome de João, dedicando-o solenemente a Deus, com oração, para ser missionário ao povos que não tinham oportunidade de conhecer a Cristo.

Entre a casa própria, em que morava a família dos Patons, e a parte que servia de fábrica, havia um pequeno aposento. Acerca desse quarto, João Paton escreveu:

"Era o santuário de nossa humilde casa. Várias vezes ao dia, geralmente depois das refeições, o nosso pai entrava nesse quarto e, 'fechada a porta', orava. Nós, seus filhos, compreendíamos, como se fosse por instinto espiritual, que se derramavam orações por nós, como fazia na antiguidade o sumo sacerdote, quando entrava no Santo dos Santos, em favor do povo. De vez em quando se ouvia o eco duma voz em tons de quem suplica pela vida; passávamos pela porta nas pontinhas dos pés, de modo a não perturbar a santa e íntima conversação. O mundo lá fora não sabia de onde vinha o gozo que brilhava no rosto de nosso pai, mas nós, seus filhos, o sabíamos: era o reflexo da presença divina, que era sempre uma realidade para ele na vida cotidiana. Nunca espero, quer num templo, quer nas serras, quer nos vales, sentir Deus mais perto, mais visível, andando e conversando mais intimamente com os homens do que naquela humilde casa coberta de palha. Se, por uma catástrofe indizível, tudo quanto pertence à religião fosse apagado da memória, minha alma reverteria de novo ao tempo da minha mocidade: ela fechar-se-ia naquele santuário e, ao ouvir novamente os ecos daquelas súplicas a Deus, lançaria para longe toda a dúvida com este grito vitorioso: 'Meu pai andava com Deus; porque não posso eu também andar?'".

Na autobiografia de João Paton, vê-se que as suas lutas diárias eram grandes. Mas o que lemos abaixo revela qual a força que operava para que ele sempre avançasse na obra de Deus.

"Antes, realizava-se culto doméstico na casa de meus avós somente aos domingos, mas meu pai convenceu primeiro a minha avó a orar, ler um trecho da Bíblia e cantar um hino diariamente, pela manhã e à noite; depois todos os membros da família seguiram esse costume. Foi assim que meu pai começou, aos dezessete anos de idade, o bendito costume de fazer cultos matutinos e vespertinos em casa; costume que observou, talvez sem uma única exceção, até se achar no leito de morte, com setenta e sete anos de idade, quando, no último dia da sua vida, uma passagem das Escrituras foi lida, e ouviu-se sua voz na oração. Nenhum dos filhos se recorda de um só dia que não fosse assim santificado; muitas vezes havia pressa em atender a um negócio; inúmeras vezes chegavam os amigos, mas nada impedia que nos ajoelhássemos em redor do altar familiar, enquanto o 'sumo sacerdote' dirigia as nossas orações a Deus e se oferecia a si mesmo e a seus filhos ao mesmo Senhor. A luz de tal exemplo era uma bênção, tanto para o próximo, como para a nossa família. Muitos anos depois, contaram-me que a mais depravada mulher da vila, uma mulher da rua, mas depois salva e transformada pela graça divina, declarou que a única coisa que evitou o seu suicídio foi que, numa noite escura, perto da janela da casa de meu pai, ouviu-o implorando no culto doméstico, que Deus convertesse 'o ímpio do erro do seu caminho e o fizesse luzir como uma jóia na coroa do Redentor'.' Vi', disse ela, 'como eu era um grande peso sobre o coração desse bom homem e sabia que Deus responderia à sua súplica. Foi por causa dessa certeza que não entrei no Inferno e que achei o único Salvador'".

Não é de admirar que, em tal ambiente, três dos onze filhos de Tiago Paton: João, Valter e Tiago, fossem constrangidos a dar suas vidas à obra mais gloriosa, a de ganhar almas. Não julgamos estar esse ponto completo sem lhe acrescentar mais um trecho dessa autobiografia:

"Até que ponto fui impressionado nesse tempo pelas orações de meu pai, não posso dizer, nem ninguém pode compreender. Quando de joelhos, e todos nós ajoelhados em redor dele no culto doméstico, ele derramava toda a sua alma em oração, com lágrimas, não só por todas as necessidades pessoais e domésticas, mas também pela conversão da parte do mundo onde não havia pregadores para servirem a Jesus, sentíamo-nos na presença do Salvador vivo e chegamos a conhecê-lo e a amá-lo como nosso Amigo divino. Ao levantarmo-nos da oração, eu costumava olhar para a luz do rosto do meu pai e cobiçava o mesmo espírito; anelava, em resposta às suas orações, pela oportunidade de me preparar e sair, levando o bendito Evangelho a uma parte do mundo então sem missionários".

Acerca da disciplina do lar, eis o que ele escreveu: "Se houvesse algo realmente sério para corrigir, meu pai se retirava primeiramente para o quarto de oração e nós compreendíamos que ele levava o caso a Deus; essa era a parte mais severa do castigo para mim! Eu estava pronto a encarar qualquer penalidade, mas o que ele fazia penetrava na minha consciência como uma mensagem de Deus. Amávamos ainda mais o nosso pai ao ver quanto tinha de sofrer para nos castigar, e, de fato, tinha muito pouco a castigar-nos, pois - dirigia a todos nós, onze filhos, muito mais pelo amor do que pelo temor".

Por fim chegou o dia em que João tinha de deixar o lar paterno. Sem o dinheiro para a passagem e com tudo que possuía, inclusive uma Bíblia embrulhada num lenço, saiu a pé para trabalhar e estudar em Glasgow. O pai o acompanhou até uma distância de nove quilômetros. O último quilômetro, antes de se separarem um do outro, os dois caminhavam sem poderem falar uma só palavra - o filho sabia pelo movimento dos lábios do pai que este orava em seu coração por ele. Ao chegarem ao lugar combinado para se separarem, o pai balbuciou: "Deus te abençoe, meu filho! O Deus de teu pai te prospere e te guarde de todo o mal". Depois de se abraçarem, o filho saiu correndo enquanto o pai, em pé, no meio da estrada, imóvel, o chapéu na mão e com lágrimas correndo pelas faces, continuava a orar em seu coração.

Alguns anos depois, o filho testificou de que essa cena, gravada na sua alma, o estimulava como um fogo inextinguível a não desapontar o pai no que esperava dele, seu filho, que seguisse o seu bendito exemplo de andar com Deus.

Durante os três anos de estudos em Glasgow, apesar de trabalhar com as próprias mãos para se sustentar, João Paton, no gozo do Espírito Santo, fez uma grande obra na seara do Senhor. Contudo, soava-lhe constantemente aos ouvidos o clamor dos selvagens nas ilhas do Pacífico e isso foi, antes de tudo, o assunto que ocupava as suas meditações e orações diárias. Havia outros para continuar a obra que fazia em Glasgow, mas quem desejava levar o Evangelho a esses pobres bárbaros?!

Ao declarar sua resolução de trabalhar entre os antropófagos das Novas Hébridas, quase todos os membros da sua igreja se opuseram à sua saída. Um muito estimado irmão assim se exprimiu: "Entre os antropófagos! será comido por eles!" A isso João Paton respondeu: 'O irmão é muito mais velho que eu, breve será sepultado e comido por vermes; declaro ao irmão que, se eu conseguir viver e morrer servindo o Senhor Jesus e honrando o seu nome, não me importarei ser comido por antropófagos ou por vermes; no grande dia da ressurreição, o meu corpo se levantará tão belo como o seu, na semelhança do Redentor ressuscitado".

De fato, as Novas Hébridas haviam sido batizadas com sangue de mártires. Os dois missionários, Williams e Harris, enviados para evangelizar essas ilhas, poucos anos antes desse tempo, foram mortos a cacetadas, e seus cadáveres cozidos e comidos. "Os pobres selvagens não sabiam que assassinavam seus amigos mais fiéis; assim os crentes em todos os lugares, ao receberem as notícias do martírio dos dois, oraram com lágrimas por esses povos."

E Deus ouviu as súplicas, chamando, entre outros, a João Paton. Porém, a oposição à sua saída era tal, que ele resolveu escrever a seus pais; pela resposta veio a saber que eles o haviam dedicado para tal serviço, no dia do seu nascimento. Desde esse momento, João Paton não mais duvidou da vontade de Deus, e assentou no seu coração gastar a vida servindo aos indígenas das ilhas do Pacífico.

O nosso herói conta muitas coisas de interesse acerca da longa viagem à vela para as Novas Hébridas. Quase no fim da viagem, quebrou-se o mastro do navio. As águas os levavam lentamente para Tana, uma ilha de antropófagos, onde a bagagem teria sido saqueada e todos a bordo cozidos para serem comidos. Contudo, Deus ouvira suas súplicas e alcançaram uma outra ilha. Alguns meses depois, foram à mesma ilha de Tana, onde conseguiram comprar o terreno dos silvícolas e edificar uma casa. Comove o coração ler que construíram a casa sobre os mesmos alicerces lançados pelo missionário Turner, quinze anos antes, o qual teve de fugir da ilha para escapar de ser morto e comido pelos selvagens.

Acerca da sua primeira impressão sobre o povo, Paton escreveu: "Fui levado ao maior desespero. Ao vê-los na sua nudez e miséria, senti tanto horror como compaixão. Eu tinha deixado a obra entre os amados irmãos em Glasgow, obra em que sentia muito gozo, para dedicar-me a criaturas tão degeneradas. Perguntei-me a mim mesmo: - 'É possível ensiná-las a distinguir entre o bem e o mal, e levá-las a Cristo, ou mesmo a civilizá-las? Mas tudo isso eram apenas sentimentos passageiros. Logo senti um desejo tão profundo de levá-los ao conhecimento e amor de Jesus, como jamais sentira quando trabalhava em Glasgow .

Antes de completar a casa em que o casal Paton iria morar, houve uma batalha entre duas tribos. As mulheres e crianças fugiram para a praia onde conversavam e riam ruidosamente, como se seus pais e irmãos estivessem ocupados em algum trabalho pacífico. Mas enquanto os selvagens gritavam e se empenhavam em conflitos sangrentos, os missionários entregavam-se à oração por eles. Os cadáveres dos mortos foram levados pelos vencedores a uma fonte de água fervente, onde foram cozidos e comidos. A noite ainda se ouvia pranto e gritos prolongados nas vilas em redor. Os missionários foram informados de que um guerreiro, ferido na batalha, acabara de morrer em casa. A sua viúva foi estrangulada imediatamente, conforme o costume, para que o seu espírito acompanhasse o do marido e lhe continuasse a servir de escrava.

Os missionários, então, nesse ambiente da mais repugnante superstição, da mais baixa crueldade e da mais flagrante imoralidade, esforçavam-se para aprender a usar todas as palavras possíveis desse povo que não conhecia a escrita. Anelavam falar de Jesus e do amor de Deus a esses seres que adoravam árvores, pedras, fontes, riachos insetos, espíritos dos homens falecidos, relíquias de cabelos e unhas, astros, vulcões, etc.

A esposa de Paton era uma ajudadora esforçada e dentro de poucas semanas reuniu oito mulheres da ilha e as instruía diariamente. Três meses depois da chegada dos missionários à ilha, a esposa de Paton faleceu de maleita e um mês depois o filhinho também morreu. - Quem pode avaliar as saudades de Paton, durante os anos que trabalhou sem ajudadora em Tana?! Apesar de quase haver morrido também de maleita, de os crentes insistirem para que voltasse à sua terra, e de os indígenas fazerem plano após plano de matá-lo para o comerem, esse herói permaneceu orando e trabalhando fielmente no posto onde Deus o colocara.Um templo foi construído e um bom número se congregava para ouvir a mensagem divina. Paton não somente conseguiu reduzir a língua dos tanianos à forma escrita, mas também traduziu uma parte das Escrituras, a qual imprimiu, apesar de não conhecer a arte tipográfica. Acerca dessa gloriosa façanha de imprimir o livro em Taniano, assim escreveu: "Confesso que gritei de alegria quando a primeira folha saiu do prelo, tendo todas as páginas na ordem própria; era uma hora da madrugada. Eu era o único homem branco na ilha e havia horas em que todos os nativos dormiam. Contudo, atirei ao ar o chapéu e dancei como um menino, por algum tempo, ao redor do prelo".

- "Terei eu perdido a razão? Não devia, como missionário, estar de joelhos louvando a Deus, por mais esta prova de sua graça? Crede, amigos, o meu culto foi tão sincero como o de Davi, quando dançou diante da Arca do seu Deus! Não deveis pensar que, depois de pronta a primeira página, eu não me tivesse ajoelhado pedindo ao Todo-Poderoso que propagasse a luz e a alegria do seu Santo Livro nos corações entenebrecidos dos habitantes daquela terra inculta".

Depois de Paton haver passado três anos em Tana, o casal de missionários que vivia na ilha vizinha, Erromanga, foi martirizado barbaramente a machadadas, em pleno dia. Ao completar quatro anos de estada em Tana, o ódio dos indígenas dessa ilha chegou ao auge. Diversas tribos combinaram matar o "indefeso" missionário e findar, assim, com a religião do Deus de amor, em toda a ilha. Contudo, como ele mesmo se declarava imortal até findar sua obra na terra, evitava, em pleno campo, os inúmeros golpes de lanças, machadinhas e cacetes, armados pelas mãos dos indígenas, e assim conseguiu escapar para a ilha de Aneitium. Planejou então ocupar-se na obra de tradução do resto dos Evangelhos na língua taniana, enquanto esperava a oportunidade de voltar a Tana. Contudo, sentiu-se dirigido a aceitar a chamada para ir à Austrália. Em poucos meses, animou as igrejas ali a comprarem um navio à vela, para servir aos missionários. Despertou-as, também, a contribuírem liberalmente e a enviarem mais missionários a evangelizar todas as ilhas.

Acerca da sua viagem à Escócia, depois de alguns anos nas Novas Hébridas, ele escreveu: "Fui, de trem, a Dunfries e lá achei condução para o querido lar paterno, onde fui acolhido com muitas lágrimas. Havia somente cinco curtíssimos anos que saíra desse santuário com a minha jovem esposa, e agora, ai de mim! - mãe e filhinho jaziam no túmulo, em Tana, nos braços um do outro, até o dia da ressurreição... Não foi com menos gozo, apesar de sentir-me angustiado, que, poucos dias depois, me encontrei com os pais da minha querida falecida esposa."

Antes de deixar a Escócia, para nova viagem, Paton casou-se com a irmã de outro missionário. Chamada por Deus a trabalhar entre os povos mergulhados nas trevas das Novas Hébridas, ela serviu como fiel companheira de seu marido, por muitos anos.

"Meu último ato na Escócia foi ajoelhar-me no lar paterno, durante o culto doméstico, enquanto meu venerando pai, como sacerdote, de cabelos brancos, nos encomendava, uma vez mais, 'aos cuidados e proteção de Deus, Senhor das famílias de Israel.' Eu tinha por certo, quando nos levantamos da oração e nos despedimos uns dos outros, que não nos encontraríamos com eles antes do dia da ressurreição. Porém ele e minha querida mãe, com corações alegres, nos ofertaram de novo ao Senhor, para o seu serviço entre os silvícolas. Mais tarde, meu querido irmão me escreveu que a 'espada' que traspassara a alma da minha mãe, era demasiado aguda e que, depois da nossa saída, ela jazeu por muito tempo como morta, nos braços de meu pai."

De volta às ilhas, Paton foi constrangido pelo voto de todos os missionários a não voltar a Tana, mas abrir a obra na vizinha ilha de Aniwa. Dessa forma, tinha de aprender outra língua e começar tudo de novo. Na obra de preparar o terreno para a construção da casa, Paton ajuntou dois cestos de ossos humanos de vítimas comidas pelo povo da ilha!

"Quando essas pobres criaturas começavam a usar um pedacinho de chita, ou um saiote, era sinal exterior de uma transformação, apesar de estarem longe da civilização. E quando começavam a olhar para cima, e a orar Àquele a quem chamavam de 'Pai, nosso Pai', meu coração se derretia em lágrimas de gozo; e sei por certo que havia um coração divino nos céus que se regozijava também."

Contudo, como em Tana, Paton considerava-se imortal até completar a obra que lhe fora designada por Deus. Inúmeras vezes evitou a morte agarrando a arma levantada contra ele pelos selvagens para o matarem.

Por fim, a força das trevas unidas contra o Evangelho em Aniwa cedeu. Isso data do tempo em que cavou um poço na ilha. Para os indígenas, a água de coco, para satisfazer a sede, era suficiente, porque se banhavam no mar e usavam pouco a água para cozinhar - e nenhuma para lavar a roupa! Mas para os missionários, a falta de água doce era o maior sacrifício e Paton resolveu cavar um poço.

No início, os indígenas auxiliaram-no na obra, apesar de considerarem o plano, "do Deus de Missi dar chuva de baixo", concepção de uma mente avariada. Mas depois, amedrontados pela profundeza da cavidade, deixaram o missionário a cavar sozinho, dia após dia, enquanto o contemplavam de longe, dizendo uns aos outros: - "Quem jamais ouviu falar em chuva que vem debaixo?! Pobre Missi! Coitado!" Quando o missionário insistia em dizer que o abastecimento de água em muitos países vinha de poços, eles respondiam: - "É assim que se dá com os doidos; ninguém pode desviá-los de suas idéias loucas."

Depois de longos dias de labor enfadonho, Paton alcançou terra úmida. Confiava em Deus obter água doce, em resposta às suas orações; contudo, nessa altura, ao meditar sobre o efeito que causaria entre o povo, sentia-se quase tomado do horror ao pensar que podia encontrar água salgada. "Sentia-me", escreveu ele, "tão comovido que fiquei molhado de suor e tremia-me todo o corpo, quando a água começou a borbulhar debaixo e a encher o poço. Tomei um pouco de água na mão, levei-a à boca para prová-la. Era água! Era água potável! era água viva do poço de Jeová!"

Os chefes indígenas com seus homens a tudo assistiam. Era uma repetição, em ponto pequeno, dos israelitas rodeando Moisés, quando ele fez água sair da rocha. O missionário, depois de passar algum tempo louvando a Deus, ficou mais calmo, desceu novamente, encheu um jarro da "chuva que Deus Jeová lhe dava pelo poço", e entregou-o ao chefe. Este sacudiu o jarro para ver se realmente havia água dentro; então tomou um pouco na mão e, não satisfeito com isso, levou à boca um pouco mais. Depois de revolver os olhos de alegria, bebeu-a e rompeu em gritos: "Chuva! Chuva! É chuva mesmo! - Mas como a arranjou?" Paton respondeu: - "Foi Jeová, meu Deus, quem a deu da sua terra em resposta ao nosso labor e orações. Olhai e vede por vós mesmos como borbulha a terra!"

Não havia um homem entre eles que tivesse coragem de chegar-se perto da boca do poço; então formaram uma fila comprida e, segurando-se uns aos outros pelas mãos, avançaram até que o homem da frente pudesse olhar para dentro do poço; a seguir o que tinha olhado passava para a retaguarda, deixando o segundo olhar para a "chuva de Jeová, mui embaixo".

Depois de todos olharem, um por um, o chefe dirigiu-se a Paton e disse: "Missi, a obra de seu Deus Jeová é admirável, é maravilhosa! Nenhum dos deuses de Aniwa jamais nos abençoou tão maravilhosamente. - Mas, Missi, Ele continuará para sempre a dar chuva por essa forma?, ou acontecerá como a chuva das nuvens?" O missionário explicou, para gozo indizível de todos, que essa bênção era permanente e para todos os aniwanianos.

Os nativos experimentaram, durante os anos que se seguiram, em seis ou sete dos lugares mais prováveis, perto de várias vilas, cavar poços. Todas as vezes que o fizeram ou encontraram pederneira ou o poço dava água salgada. Diziam entre si: - "Sabemos cavar, mas não sabemos orar como Missi e, portanto, Jeová não nos dá chuva debaixo!"

Num domingo, depois que Paton alcançou água do poço, o chefe Namakei convocou o povo da ilha. Fazendo seus gestos com a machadinha na mão, dirigiu-se aos ouvintes da seguinte maneira: - "Amigos de Nakamei, todos os poderes do mundo não podiam obrigar-nos a crer que fosse possível receber chuva das entranhas da terra, se não a tivéssemos visto com os próprios olhos e provado com a boca... Desde já, meu povo, devo adorar o Deus que nos abriu o poço e nos dá chuva debaixo. Os deuses de Aniwa não podem socorrer-nos como o Deus de Missi. Para todo o sempre sou um seguidor de Deus Jeová. Todos vós que quiserdes fazer o mesmo, tomai os ídolos de Aniwa, os deuses que nossos pais temiam e lançai-os aos pés de Missi... Vamos a Missi para ele nos ensinar como devemos servir a Jeová... que enviou seu Filho Jesus para morrer por nós e nos levar aos céus."

Durante os dias que se seguiram, grupo após grupo, alguns dos silvícolas com lágrimas e soluços, outros aos gritos de louvor a Jeová, levaram seus ídolos de pau e pedra, os quais lançaram em montes perante o missionário. Os ídolos de pau foram queimados, os de pedra enterrados em covas de quatro a cinco metros de profundidade e alguns, de maior superstição, foram lançados no fundo do mar, longe da terra.

Um dos primeiros passos da vida cotidiana da ilha, depois de destruírem os ídolos, foi a invocação da bênção do Senhor às refeições. O segundo passo, uma surpresa maior e que também encheu o missionário de gozo, foi um acordo entre eles de fazer culto doméstico de manhã e à noite. Sem dúvida esses cultos eram misturados, por algum tempo, com muitas das superstições do paganismo

Mas Paton traduziu as Escrituras, e as imprimiu na língua aniwaniana e ensinou o povo a lê-las. A transformação do povo da ilha foi uma das maravilhas dos tempos modernos. Como arde o coração ao ler acerca da ternura que o missionário sentia para com esses amados filhos na fé, e do carinho com que esses, outrora cruéis selvagens que comiam uns aos outros, mostravam para com o missionário!

Que o nosso coração arda também para ver a mesma transformação dos milhares de silvícolas no interior de nosso querido Brasil!

Paton descreveu a primeira Ceia do Senhor com as seguintes palavras: "Ao colocar o pão e o vinho nas mãos, outrora manchadas do sangue de antropofagia, agora estendidas para receber e participar dos emblemas do amor do Redentor, antecipei o gozo da glória até o ponto de o coração não suportar mais. É-me impossível experimentar delícia maior antes de eu poder fitar o rosto glorificado do próprio Senhor Jesus Cristo!"Deus, não somente concedeu ao nosso herói o indizível gozo de ver os aniwanianos irem evangelizar as ilhas vizinhas, mas também de ver seu próprio filho, Frank Paton, e esposa, morando na ilha de Tana e continuando a obra que ele começara com o maior sacrifício.

Foi com a idade de 83 anos, que João G. Paton ouviu a voz de seu precioso Jesus, chamando-o para o lar eterno. Quão grande o seu gozo, não somente ao reunir-se aos seus queridos filhos das ilhas do Sul do Pacífico, que entraram no Céu antes dele, mas, também, saudar bem-vindos os outros ao chegarem ali, um por um!

BIBLIOGRAFIA:

BOYER, Orlando. Heróis da Fé – Vinte Homens Extraordinários que Incendiaram o Mundo. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD. 1986, pgs. 123 – 133. 


quinta-feira, 23 de março de 2017

Davi Livingstone - Célebre missionário e explorador

Davi Livingstone
Célebre missionário e explorador
(1813-1873)


Certo comerciante, ao visitar a abadia de Westminster, em Londres, onde se acham sepultados os reis e vultos eminentes da Inglaterra, inquiriu qual o túmulo, excluindo o do "soldado desconhecido", que é mais visitado. O porteiro respondeu que era o de Davi Livingstone. São poucos os humildes e fiéis servos de Deus que o mundo distingue e honra assim.

Conta-se que, em Glasgow, depois de passar dezesseis anos na África, Livingstone foi convidado a fazer um discurso perante o corpo discente da universidade. Os alunos resolveram vaiar esse "camarada missionário'', fazendo o maior barulho possível. Certa testemunha do acontecimento disse: "Contudo, desde o momento em que Livingstone compareceu perante eles, magro e delgado, depois de cair trinta e uma vezes de febre nas matas da África, e com um braço descansando numa tipóia, depois do encontro com um leão, os alunos guardaram grande silêncio. Ouviram, com o maior respeito, tudo que o orador relatou e amaneira como Jesus cumprira a sua promessa: "Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos".

Davi Livingstone nasceu na Escócia. Seu pai, Neil Livingstone, contava aos filhos as proezas de seus antepassados, por oito gerações. Um dos bisavôs de Davi, com a família, fugira dos cruéis pactuários, para os pantanais e montes escabrosos, onde podia adorar a Deus em espírito e em verdade. Mas mesmo esses cultos, que se realizavam entre os espinhos e, às vezes, no gelo, eram interrompidos, de vez em quando, pela cavalaria que chegava galopando para matar ou levar presos, tanto homens como mulheres.

Os pais de Davi criaram seus filhos no temor do Senhor. O lar era sempre alegre e servia como notável modelo de todas as virtudes domésticas. Não se perdia uma hora durante os sete dias da semana e o domingo era esperado e honrado como o dia de descanso. Com a idade de nove anos, Davi ganhou um Novo Testamento, prêmio oferecido ao repetir de cor o capítulo mais comprido da Bíblia, o Salmo 119.

"Entre as recordações mais sagradas da minha infância", escreveu Livingstone, "estão as da economia da minha mãe para que os poucos recursos fossem suficientes para todos os membros da família. Quando completei dez anos de idade, meus pais me colocaram em uma tecelagem para que eu ajudasse a sustentar a família. Com parte do salário da primeira semana, comprei uma gramática de latim".

Davi iniciava o dia na tecelagem, às seis horas da manhã e, com intervalos para o café e o almoço, trabalhava até oito da noite. Segurava a sua gramática aberta na máquina de fiar algodão e, enquanto trabalhava, estudava-a linha por linha. Às oito horas da noite, dirigia-se, sem perder tempo, à escola noturna. Depois das aulas, estudava as lições para o dia seguinte, às vezes, até a meia-noite, quando a mãe tinha de obrigá-lo a apagar a luz e dormir.

A inscrição no túmulo dos pais de Davi Livingstone indica as privações no lar paterno:


Para marcar o lugar onde descansa
Neil Livingstone, e
Agnes Hunter, sua esposa
e para exprimir a gratidão a Deus
dos seus filhos:
João, Davi, Janet, Carlos e Agnes,
por pais pobres e piedosos



Os amigos insistiam em que ele mudasse as últimas palavras para "pais pobres, mas piedosos". Contudo, Davi recusou porque, para ele, tanto a pobreza, como a piedade eram motivos de gratidão. Sempre considerou o fato de aprender a trabalhar longos dias, mês após mês, ano atrás ano, na fábrica de algodão, uma das maiores felicidades da sua vida.

Nos dias feriados, Davi gostava de pescar e fazer longas excursões pelos campos e às margens dos rios. Esses passeios extensos lhe serviam tanto de instrução como de recreio; saía para verificar na própria natureza o que estudara nos livros sobre botânica e geologia. Sem o saber, ele assim se preparava em corpo e mente para as explorações científicas e para o que escreveria com exatidão acerca da natureza na África.

Aos vinte anos, houve grande mudança espiritual em Davi Livingstone, que determinou o rumo de todo o resto da sua vida. "A bênção divina inundou-lhe o ser como inundara o coração do apóstolo Paulo ou de Agostinho, e outros do mesmo tipo, dominando os desejos carnais... Atos de abnegação, muito difíceis de executar sob a lei férrea da consciência, tornaram-se em serviços de vontade livre sob o brilho do amor divino... É evidente que fora movido por uma força calma, mas tremenda, dentro do próprio coração, até o fim da vida. O amor que começou a comovê-lo, na casa paterna, continuou a inspirá-lo durante todas as longas e enfadonhas viagens pela África, e o levou a ajoelhar-se, à meia-noite, no rancho em Ilala, de onde seu espírito, enquanto ainda orava, voltou ao seu Deus e Salvador.

Davi, desde a infância, ouvia falar de um missionário valente na China, cujo nome era Gutzlaff. Nas suas orações, à noite, ao lado de sua mãe, orava por ele. Com a idade de dezesseis anos, Davi começou a sentir desejo profundo de fazer conhecido o amor e a graça de Cristo àqueles que jaziam em densas trevas, e resolveu firmemente no coração dar, também sua vida, como médico e missionário, ao mesmo país, a China.

Ao mesmo tempo, o professor da sua classe na Escola Dominical, Davi Hogg, o aconselhava: "Ora, moço, faça da religião o motivo principal da sua vida cotidiana e não uma coisa inconstante, se quer vencer as tentações e outras coisas que o querem derribar". E Davi assentou no seu coração dirigir sua vida por essa norma.

Ao completar nove anos de serviços na fábrica, foi promovido a um trabalho mais lucrativo. Conseguiu completar seus estudos, recebendo o diploma de licenciado da Faculdade de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, sem ter recebido um tostão de auxílio de alguém.

Se os crentes não o tivessem aconselhado a que falasse à Sociedade Missionária de Londres acerca de enviá-lo como missionário, ele depois declarou que teria ido por seus próprios esforços.

Durante todos os anos de estudos para ser médico e missionário, sentia-se dirigido para ir a China. Certa vez, numa reunião, ouviu o discurso de um homem, de barba comprida e branca, alto, robusto e de olhos bondosos e penetrantes, chamado Roberto Moffat. Esse missionário voltara da África, um país misterioso, cujo interior era então desconhecido. Os mapas desse continente tinham no centro enormes espaços em branco, sem rios e sem serras. Falando da África, Moffat disse a Davi Livingstone: "Há uma vasta planície ao norte, onde tenho visto, nas manhãs ensolaradas, a fumaça de milhares de aldeias, onde nenhum missionário ainda chegou".

Comovido, ao ouvir falar em tantas aldeias sem o Evangelho e sabendo que não podia mais ir à China por causa de guerra que havia naquele país, Livingstone respondeu: "Irei imediatamente para a África".

Com isso os irmãos da missão concordaram e Davi voltou ao humilde lar em Blantire para se despedir dos pais e irmãos. Às cinco horas da manhã, do dia 17 de novembro de 1840, a família se levantou. Davi leu os salmos 121 e 135com eles. As seguintes palavras ficaram gravadas no seu coração, para o fortalecerem no calor e perigos durante os longos anos que passou depois, na África: "O sol não te molestará de dia e nem a lua de noite... O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre". Depois de orarem, despediu-se da sua mãe e irmãs e andou a pé, com seu pai que o acompanhou até Glasgow. Depois de se despedirem um do outro, Davi embarcou no navio para não mais ver, aqui na terra, o rosto nobre de Neil Livingstone.

A viagem de Glasgow ao Rio de Janeiro e, por fim, à cidade do Cabo, na África, durou três meses. Mas Davi não desperdiçou o tempo. O comandante se tornou seu amigo íntimo e ajudou-o a preparar os cultos, nos quais Davi pregava aos tripulantes do navio. O novo missionário aproveitou, também, a oportunidade a bordo para aprender a usar o sextante e saber exatamente a posição do navio, observando a lua e as estrelas. Essa ciência lhe foi mais tarde de incalculável valor para orientar-se nas viagens de evangelização e exploração no imenso interior desconhecido do qual "subia a fumaça de mil vilas sem missionário".

Da cidade do Cabo, a viagem de 190 léguas foi feita aos solavancos, num carro de boi, através de campos incultos. A viagem durou dois meses, até chegar em Curumã, onde devia esperar o regresso de Roberto Moffatt. Desejava estabelecer-se em um lugar cinqüenta a sessenta léguas mais para o norte de qualquer outro em que houvesse obra missionária.

Para aprender a língua e os costumes do povo, nosso pioneiro passava o tempo viajando e vivendo entre os indígenas. O seu boi de sela passava a noite amarrado, enquanto ele assentava-se com os africanos ao redor do fogo, ouvindo as lendas dos seus heróis. Livingstone, por sua vez, contava-lhes as preciosas e verdadeiras histórias de Belém, da Galiléia e da Cruz. Continuou sempre os seus estudos enquanto viajava, fazendo mapas dos rios e serras do território percorrido. Em uma carta a um amigo escreveu que descobrira trinta e duas qualidades de raízes comestíveis e quarenta e três espécies de fruteiras que davam no deserto sem serem cultivadas. De um ponto que alcançou, faltavam-lhe apenas dez dias de viagem para chegar ao grande lago Ngami, que descobriu sete anos depois.

De Curumã, o missionário, licenciado da Faculdade de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, escreveu a seu pai: "Tenho uma clientela grande. Há pacientes aqui que andaram mais de sessenta léguas para receberem tratamento médico. Esses, ao regressarem, enviarão outros para o mesmo fim".

Estabeleceu a sua primeira missão no lindo vale de Mabotsa, na terra de Bacarla. Em uma carta, escrita de Curumã, Livingstone assim descreveu o local que escolhera para centro de evangelização: "Está situado em um anfiteatro de serras que se intitula 'Mabotsa', isto é, 'Ceia de Bodas'. Que Deus nos ilumine com a sua presença, para que, por intermédio de servos tão fracos, muito povo ache entrada para a Ceia das Bodas do Cordeiro!"

Foi em Mabotsa que teve o histórico encontro com um leão. Acerca disso escreveu Davi: "Ele saltou e me alcançou o ombro; ambos fomos ao chão. Rosnando horrivelmente perto do meu ouvido, sacudiu-me como um cão faz a um gato. Os abalos que me deu o animal produziram-me um entorpecimento igual ao que deve sentir um rato, depois da primeira sacudidela que lhe dá o gato. Atacou-me uma espécie de adormecimento, em que não senti dor nem sensação de temor".

Contudo, antes de a fera ter tempo de o matar, deixou-o para atacar outro homem que, de lança na mão, entrara na luta. O ombro dilacerado de Livingstone nunca sarou completamente: ele nunca mais pôde apontar um rifle ou levar a mão à cabeça sem sentir dores.

Foi na casa de Roberto Moffatt, em Curumã, que chegou a conhecer Maria, a filha mais velha desse missionário. Depois de abrir a missão em Mabotsa os dois se casaram. Seis filhos foram o fruto desse enlace.

Depois de Livingstone se casar, a Escola Dominical em Mabotsa transformou-se em escola diária, tendo sua esposa como professora. Schele, o chefe da tribo, tornou-se grande estudante da Bíblia, mas queria "converter" todo o seu povo à força de "litupa", isto é, chicote de couro de rinoceronte. Schele iniciou culto doméstico em casa e o próprio Livingstone se admirou da sua maneira, simples e nata, de orar. Era o costume de Livingstone começar o dia com culto doméstico e não é de admirar que o chefe o adotasse também.

Livingstone foi obrigado a mudar-se para Chonuane, dez léguas distante e, mais tarde, por falta de água, ele e todo o povo mudaram-se para Colobeng. Foi nesse último lugar que o chefe da tribo construiu uma casa para os cultos e Livingstone construiu com grande sacrifício de dinheiro e labor, a sua terceira casa de residência. Nessa casa morou cinco anos para nunca mais conseguir fixar residência em qualquer lugar na terra.

Acerca do trabalho nesse lugar, assim se expressou: "Aqui temos um campo muitíssimo difícil de cultivar... Se não confiássemos que o Espírito Santo opera em nós, desistiríamos em desespero".

Através do deserto de Calari, chegavam boatos de um grande lago e de um lugar chamado ''Fumaça Barulhenta", o que ele julgava ser uma grande cachoeira. As secas o oprimiam tanto em Colobeng que Livingstone resolveu fazer uma viagem de exploração e achar um lugar mais ideal para estabelecer a sua missão. Assim, em 1º de junho de 1849, com o chefe da tribo, seus "guerreiros", três brancos e sua família, saíram para atravessar o grande deserto de Calari. O guia do grupo, Romotobi, conhecia o segredo de subsistir no deserto, cavando com as mãos e chupando a água debaixo da areia por meio dum canudo.

Depois de viajarem muitos dias, chegaram ao rio Zouga. Ao inquirir os indígenas, estes o informaram de que o rio tinha nascente em uma terra de rios e florestas. Livingstone ficou convicto de que o interior da África não era um grande deserto como o mundo de então supunha, e o seu coração ardia com o desejo de achar uma via fluvial, para outros missionários irem para o interior do continente, com a mensagem de Cristo.

"A perspectiva", escreveu ele, "de achar um rio que dê entrada a uma vasta, populosa e desconhecida região, aumentou constantemente desde então; aumentou tanto que, quando, por fim chegamos ao grande lago, esse importante descobrimento, em si mesmo, parecia de pouca monta".

Foi em 1º de agosto de 1849 que o grupo atingiu o lago Ngami, tão grande é esse lago que, de uma margem, não se avista a margem oposta. Sofreram longos dias de cruciante sede sem obter uma gota dágua, mas venceram todas as dificuldades e descobriram esse lago enquanto outros exploradores mais bem equipados, mas menos persistentes, falharam.

As notícias do descobrimento foram comunicadas à Royal Geographical Society, o que lhe votou uma bela recompensa de vinte e cinco guinéus, "por ter descoberto uma importante terra, um importante rio e um grande lago".

O grupo teve de voltar a Colobeng. Depois de alguns meses, porém, iniciou novamente viagem para o lago Ngami. Não queria separar-se da sua família e levou-a em um carro de boi. Mas, ao alcançar o rio Zouga, os filhos foram atacados pela febre e ele teve de voltar com a família. Nasceu-lhe uma filha, que morreu logo de febre. Livingstone, contudo, ficou mais firme do que nunca, na sua resolução de achar um caminho para levar o Evangelho ao interior da África.

Depois de descansar alguns meses com a família, na casa de seu sogro, em Curumã, saíram com o propósito de achar um lugar saudável onde pudesse estabelecer uma missão mais para o interior. Foi nessa viagem, em junho de 1851, que descobriu o maior rio da África Oriental, o Zambeze, rio do qual o mundo de então nunca ouvira falar.

No seguinte trecho que Livingstone escreveu, descobre-se algo do que tinham de sofrer nessas viagens: "Um dos assistentes desperdiçou a água que levávamos no carro e, à tarde, tínhamos apenas um restinho para as crianças. Passamos a noite angustiados e na manhã seguinte, quanto menos havia de água, tanto mais aumentava a sede das crianças. O pensamento de elas perecerem diante de nossos olhos, nos perturbava. Na tarde do quinto dia, sentimos grande alívio, quando um dos homens voltou trazendo tanto desse líquido como jamais antes havíamos pensado."

Livingstone, convicto de que era a vontade de Deus que saísse para estabelecer outro centro de evangelização, ecom indômita fé de que o Senhor supriria todo o necessário para cumprir a sua vontade, avançava sem vacilar.

Depois de descobrir o rio Zambeze, Livingstone veio a saber que os lugares saudáveis eram sujeitos a serem saqueados em qualquer tempo por outras tribos. Só nos lugares infestados de doença e febre é que se achavam tribos específicas.

Resolveu, portanto, enviar a esposa para descansar na Inglaterra enquanto ele continuava as suas explorações a fim de estabelecer um centro para a obra de evangelização. Via-se forçado a estabelecer tal centro, porque os boêres holandeses invadiam o território, roubando as terras e o gado dos indígenas, pondo em prática um regime da mais vil escravatura. Livingstone enviou crentes fiéis para evangelizar os povos em redor, mas os boêres acabaram com essa obra, matando muitos dos indígenas e destruindo todos os bens que o missionário possuía em Colobeng.

Livingstone levou sua família para a cidade do Cabo, de onde seus queridos embarcaram em um navio para a Inglaterra.

Foi nesse tempo, quando Deus suprira todo o necessário para a família voltar à Inglaterra, que disse: "Oh! Amor divino, eu não te amo com a força, a profundidade e o ardor que convém!"

A separação da família causou-lhe profunda mágoa, mas dirigiu o rosto heroicamente de novo para socorrer as infelizes tribos do interior da África.

Havia três motivos que o aconselhavam a fazer uma viagem de exploração: Primeiro, queria achar um lugar para residir com a família entre os "barotses" e evangelizá-los. Segundo, a comunicação entre o território dos "barotses" e a cidade do Cabo era muito demorada e difícil e queria descobrir um caminho para um porto mais próximo. Terceiro, queria fazer todo o possível para influenciar as autoridades contra o horrendo tráfico de escravos.

Foi nessa época da sua vida que Livingstone, por suas proezas, tornou-se conhecido no mundo inteiro.

No seu ardor, desejando que Deus lhe poupasse a vida e o usasse em abrir o continente para a entrada do Evangelho, orou assim: "Ó Jesus, rogo que me enchas agora com oteu amor e me aceites e me uses um pouco para a tua glória. Até agora não fiz nada para ti, mas quero fazer algo. Oh! eu te imploro que me aceites e me uses e que seja tua toda a glória". Escreveu mais ainda: "Não valeria coisa alguma o que possuo ou o que possuirei, a não ser em relação ao reino de Cristo. Se alguma coisa que tenho pode servir para o seu reino, dar-lha-ei a Ele, a quem devo tudo neste inundo e durante a eternidade".

Livingstone atravessou, ida e volta, o continente africano, desde a foz do Zambeze a São Paulo de Luanda, façanha essa realizada pela primeira vez por um branco. Nas suas memórias que escrevia diariamente, nota-se como admirava as lindas paisagens de um continente que o mundo julgava ser um vasto deserto.

Chegou a Luanda, magro e doente. Apesar da insistência do cônsul britânico para que regressasse à Inglaterra, a fim de recuperar a saúde abalada, ele voltou novamente, por outro caminho, para levar seus fiéis companheiros até em casa, conforme lhes prometera antes de iniciarem a viagem.

Nessa viagem, Livingstone descobriu as magníficas cataratas de Vitória, nome que ele deu às grandes quedas em honra da rainha da Inglaterra. Nesse lugar, o rio Zambeze tem a largura de mais de um quilômetro; ali as águas desse grande rio se precipitam espetacularmente de uma altura de cem metros.

Levingstone continuou a pregar o Evangelho constantemente, às vezes a auditórios de mais de mil indígenas. Antes de tudo, esforçava-se para ganhar a estima das tribos hostis, por onde passava, por sua conduta cristã, em grande contraste com a dos mercadores de escravos.

Sozinho, com os seus fiéis macololos, caiu trinta e uma vezes de febre nos matagais, durante um período de sete meses. Mas não era tanto o sofrimento físico. Suas cartas revelam a sua angústia de espírito ao ver os horrores do povo africano massacrado e arrebatado dos seus lares, conduzido como gado para ser vendido no mercado. De um lugar alto onde subiu, contou dezessete aldeias em chamas, incendiadas por esses nefandos mercadores de seres humanos.Prometera à sua esposa reunir-se com a família depois de dois anos, mas passaram-se quatro anos e meio antes que ela recebesse qualquer notícia dele!

Por fim, após uma ausência de dezessete anos da pátria, regressou à Inglaterra. Voltou à civilização e à sua família como quem volta da morte. Antes de desembarcar, soube que seu querido pai falecera. Em toda a história de Livingstone, não se conta um acontecimento mais comovente do que o seu encontro com a esposa e filhos. Na Inglaterra, foi aclamado e honrado como heróico descobridor e grande benfeitor da humanidade. Os diários publicavam os seus atos de bravura. As multidões afluíam para ouvi-lo contar a sua história. "O doutor Livingstone era muito humilde... Temia passear nas ruas, receando ser atropelado pelas massas. Certo dia, na Regent Street, em Londres, foi apertado por tão grande multidão, que só com grande dificuldade conseguiu refugiar-se num táxi. Pela mesma razão evitava ir aos cultos. Certa vez, desejoso de assistir ao culto, meu pai persuadiu-o a ocupar um assento debaixo da galeria, em um lugar não visível ao auditório. Mas foi descoberto e o povo passou por cima dos bancos para cercá-lo e apertar-lhe a mão".

Uma das muitas coisas que levou a efeito, enquanto na Inglaterra, foi a de escrever seu livro: Viagens Missionárias, obra que alcançou enorme circulação e produziu mais interesse na questão africana do que qualquer movimento anterior.

Em março de 1858, com a idade de 46 anos, Livingstone, acompanhado de sua esposa e filho mais novo, Osvaldo, embarcou novamente para a África. Deixando os dois na casa do sogro, o missionário Moffatt, Livingstone continuou as suas viagens. No ano seguinte, descobriu o lago Niassa. Recebeu, também, uma carta da esposa, da casa de seus pais em Curumã, informando-o do nascimento de mais uma filha. A menina já estava há quase um ano no mundo quando o pai soube do seu nascimento.

As explorações dos rios Zambeze, Tete e Shire e do lago Niassa, foram feitas com o propósito de saber quais os pontos mais estratégicos para a evangelização, e missionários foram enviados da Inglaterra para ocuparem esses lugares.Em 1862 a esposa reuniu-se a ele novamente, e acompanhava-o nas viagens, mas três meses depois faleceu, vítima da febre e foi enterrada em uma encosta verdejante na margem do rio Zambeze. Np seu diário, Livingstone assim escreveu: "Chorei-a porque merece as minhas lágrimas. Amei-a ao nos casarmos, e quanto mais tempo vivíamos juntos, tanto mais a amava. Que Deus tenha piedade dos filhos..."

Um dos maiores obstáculos que Livingstone enfrentou na obra missionária foi o terror dos indígenas ao verem um rosto de homem branco. Aldeias inteiras em ruínas; fugitivos escondendo-se nos campos de alto capim, sem nada terem para comer; centenas de esqueletos e cadáveres insepultos; comboios de homens e mulheres algemados aos troncos, seguros pelo pescoço, eram conduzidos aos portos - É difícil concebermos a magnitude da desolação criada por homens cruéis que participavam do tráfico de escravos.

Esses homens tentavam, também, com ódio cruel e arte diabólica, terminar com a obra de Livingstone. Finalmente conseguiram, por meio da política do seu país, induzir a Inglaterra a chamá-lo de volta à sua terra. Foi assim que Livingstone chegou de novo à sua pátria depois de uma ausência de cerca de oito anos.

Os crentes e amigos na Inglaterra, animados pela visão de Livingstone, começaram a orar e enviar-lhe dinheiro para continuar sua obra no continente negro. O nosso herói desembarcou pela terceira e última vez na África, em Zanzibar.

Na expedição que iniciou em Zanzibar, descobriu os lagos Tanganyka (1867), Moero (1867) e Bangueolo (1868). Passou cinco longos anos explorando as bacias desses lagos. A oração e a Palavra de Deus foram o seu sustento espiritual durante esses anos de provações, que sofria por parte dos negociantes de escravos.

Resolveu, então, fazer o possível para descobrir as nascentes do rio Nilo e solver um problema que durante milhares de anos havia zombado dos geógrafos. Sabia que se descobrisse as nascentes do famoso Nilo, o mundo todo lhe daria ouvidos acerca da chaga aberta da África, com o comércio de escravos. É interessante conhecer o que ele escreveu: "O mundo acha que busco fama, porém eu tenho uma regra, isto é, não leio coisa alguma sobre os elogios que me fazem". Ele sabia que, ao findar a escravatura, o continente se abriria para deixar entrar o Evangelho.

Durante os longos intervalos entre os períodos em que suas cartas eram recebidas na Inglaterra, vindas do coração da África, circularam boatos de que Livingstone morrera. Não só os homens que traficavam com escravos queriam matá-lo, mas também muitos dos próprios indígenas, por não acreditarem existir um homem branco que fosse amigo de coração. Ele mesmo contou muitos fatos relacionados com as ciladas na terra do Maniuema para o matarem. Nesse lugar, ele escreveu no seu diário: "Li toda a Bíblia quatro vezes, enquanto estive em Maniuema". Na solidão achou grande conforto nas Escrituras.

Reconhecia sempre a possibilidade de perecer nas mãos dos inimigos, mas sempre respondia à insistência dos amigos com esta pergunta: - "Não pode o amor de Cristo constranger o missionário a ir onde a traficância leva o mercador de escravos?"

Pela primeira vez, nos milhares de léguas que caminhou, os pés do pioneiro falharam. Obrigado a ficar algum tempo em uma cabana, todos os seus companheiros o abandonaram, à exceção de três que ficaram com ele.

Por fim, chegou a Ujiji, reduzido a pele e ossos, por causa da grave doença que sofrera em Maniuema. Não tinha recebido cartas havia dois anos e esperava receber também as provisões que enviara para lá. Contudo, as cartas não haviam chegado. Com o corpo enfraquecido, e destituído de roupas e alimentos, veio a saber que lhe tinham roubado tudo. Nessa situação, ele escreveu: "Na minha pobreza senti-me como o homem que, descendo de Jerusalém a Jericó, caiu nas mãos de ladrões. Não tinha esperança de que sacerdotes, levitas ou o bom samaritano viesse em meu socorro. Entretanto, quando minha alma se achava mais abatida, o bom samaritano já estava bem perto de mim!"

O "bom samaritano" era Henrique Stanley, enviado pelo New York Herald, à insistência de muitos milhares de leitores desse jornal, para saber ao certo se Livingstone ainda vivia, ou, no caso de ter morrido, para trazer seu corpo.

Stanley passou o inverno com Livingstone. Mas este se recusou a ceder à insistência daquele de voltar à Inglaterra. Livingstone podia voltar e descansar entre amigos, com todo o conforto, mas preferiu ficar e realizar seu anelo de abrir o continente africano ao Evangelho.

A sua última viagem foi feita para explorar o Luapula, a fim de verificar se esse rio era a nascente do Nilo ou do Congo. Nessa região chovia incessantemente. Livingstone sofria dores atrozes; dia após dia tornava-se-lhe mais e mais difícil caminhar. Foi então carregado, pela primeira vez, pelos fiéis companheiros: Susi, Chuman e Jacó Wainwright, todos indígenas.

No seu diário, as últimas notas que escreveu dizem: "Cansadíssimo, fico... Recuperada a saúde... Estamos nas margens do Mililamo".

Chegaram à aldeia de Chitambo, em Ilala onde Susi fez uma cabana para ele. Nessa cabana, a 1º de maio de 1873, fiel Susi achou seu bondoso mestre de joelhos, ao lado da cama - morto. Orou enquanto viveu e partiu deste mundo orando!

Os dois fiéis companheiros, Susi e Chuman, enterraram o coração de Livingstone abaixo de uma árvore em Chitambo, secaram e embalsamaram o corpo, e o levaram até a costa - viagem que durou alguns meses, pelo território de várias tribos hostis. O sacrifício desses valentes filhos da África, sem terem qualquer propósito de remuneração, não será esquecido por Deus, nem pelo mundo.

O corpo, depois de chegar em Zanzibar, foi transportado para a Inglaterra, onde foi sepultado na Abadia de Westminster, entre os monumentos dos reis e heróis daquela nação. Não havia dúvida quanto ao corpo de Livingstone; era fácil de identificar: o osso de cima do braço esquerdo tinha distintamente as marcas dos dentes do leão que o atacara.

Entre os que assistiram ao enterro, estavam seus filhos e o velho missionário Roberto Moffatt, pai da sua querida esposa. A multidão consistia de povo humilde, que o amava e dos grandes, que o honravam e respeitavam.Conta-se que havia, entre as multidões que permaneciam nas calçadas das ruas de Londres no dia em que o cortejo, com o corpo de Davi Livingstone, passava, um velho chorando amargamente. Ao lhe perguntarem por que chorava, respondeu: - "É porque Davizinho e eu nascemos na mesma aldeia, cursamos o mesmo colégio e assistimos a mesma Escola Dominical, trabalhávamos na mesma máquina de fiar. Mas Davizinho foi por aquele caminho, eu por este. Agora ele é honrado pela nação, enquanto eu sou desprezado, desconhecido e desonrado. O único futuro para mim é o enterro de beberrão".

Não é somente o ambiente, mas a escolha na mocidade é que determina o destino, não só aqui no mundo, mas para toda a eternidade.

Quando Livingstone falou aos alunos da Universidade de Cambridge, em 1857, disse: "Por minha parte, nunca cesso de me regozijar por Deus ter-me apontado para tal ofício. O povo fala do sacrifício de eu passar tão grande parte da vida na África. - Será sacrifício pagar uma pequena parte da dívida, dessa dívida que nunca poderemos liquidar, do que devemos ao nosso Deus? É sacrifício aquilo que traz a bendita recompensa de saúde, o conhecimento de praticar o bem, a paz de espírito e a viva esperança de um glorioso destino? Longe esteja tal idéia! Digo com ênfase: Não é sacrifício... Nunca fiz sacrifício. Não devemos falar dos nossos sacrifícios, ao nos lembrarmos do grande sacrifício que fez Aquele que desceu do trono de seu Pai, nas alturas, para se entregar por nós".

Se Livingstone não tivesse adoecido, teria descoberto as nascentes do Nilo. Durante os trinta anos que passou na África, nunca se esqueceu do seu alvo principal que era levar Cristo aos povos desse escuro continente. Todas as viagens que realizou foram viagens missionárias.

Gravadas no seu túmulo podem ser lidas estas palavras: "O coração de Livingstone jaz na África, seu corpo descansa na Inglaterra, mas sua influência continua".

Gravados para sempre na história da Igreja de Cristo estão os grandes êxitos na África durante um período demais de 75 anos depois de sua morte, êxitos inspirados, em grande parte, pelas orações e persistência desse eminente servo de Deus, que foi fiel até a morte.



Bibliografia:


BOYER, Orlando. Heróis da Fé – Vinte Homens Extraordinários que Incendiaram o Mundo. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD. 1986, pgs. 109 – 122.